Nesse período foram apresentadas 16 dissertações.
Ana Renata Baltazar da Penha
Título: Movimentos alienantes: a transitoriedade do sujeito pós-moderno na poética de Ana Cristina Cesar
Orientador: João Camillo Barros de Oliveira Penna Páginas: 167
Esta dissertação tem como finalidade problematizar o sujeito pós-moderno, a partir da escritura poética de ANA CRISTINA CESAR [que também é conhecida como Ana C.]. Reconhecendo nos textos da autora (selecionados como corpus) as marcas da subjetividade construída por outras vozes, cujo discurso dialógico é capaz de romper a própria noção de um sujeito homogêneo e monológico, e de engendrar a dinâmica produtiva de um sujeito leitor/autor que participa na produção textual de sua própria sociedade, na operação de interpretar as muitas outras vozes que compõem seu próprio ser de linguagem. Saber-se como uma fragmentação da unidade, feita por imagens externas que se fundem na interioridade é também saber que o outro - nosso interlocutor – mesmo apresentando-se através de uma voz monológica, é também um ser de discurso heterogêneo. Questionar o monologismo das vozes de poder a partir de leituras críticas é, portanto, realizar uma forma de subversão cuja força motriz é a linguagem poético-carnavalizada, na qual ocorre uma suspensão temporária da ordem oficialmente estabelecida. O fundamento teórico deste trabalho é a leitura critica dos conceitos dialogismo, polifonia e carnavalização, que Julia KRISTEVA realiza tomando por referência Mikhail BAKHTIN. Este trabalho apresenta, ainda, um diálogo entre a produção de Ana C. e nomes tais como Roland BARTHES, Theodor ADORNO, Stéphane MALLARMÉ, Charles BAUDELAIRE, Evgen BAVCAR, Manuel BANDEIRA, Michelangelo ANTONIONI, Jean-Luc GODARD, dentre outros.
Cassiana Lima Cardoso
Título:O dia do juízo: ironia e tragédia nos infernos de Rosário Fusco
Orientador: Vera Lins Páginas:133
Este trabalho é uma leitura e uma interpretação da obra O Dia do Juízo, de Rosário Fusco, que busca demonstrar um possível diálogo do romance desse autor com as tradições irônica e trágica da literatura universal, questionando ainda os princípios da metafísica que nortearam o Homem ao longo de sua história e a moralidade de costumes que delinearam sua conduta.
Diego de Figueiredo Braga Pereira
Título: A poética do mito
Orientador: Manuel Antonio de Castro Páginas: 201
Esta dissertação perfaz a experiência de pensamento no horizonte próprio do acontecimento mítico, em que o mesmo não pode ser representado, conceituado, medido e calculado. Uma vez que o modelo metafísico-científico de pensamento se instaura como obliteração do vigor mítico e a conseqüente separação entre mito e verdade, a experiência de pensamento que aqui se realiza busca aproximar o mito de sua vigência poética originária. Para a realização desta experiência seguiu-se o poema Ulysses, da obra Mensagem, de Fernando Pessoa ao modo da escuta de sua constituição atual e permanente como obra, perfazendo-se assim uma hermenêutica que não se deixa limitar pelos ditames epistemológicos tradicionais de método e teoria. Deste modo este trabalho se projeta como empenho de ser aquilo de que trata.
Fernanda Fadigas
Título: Blanchot e a morte de Ivan Ilicth
Geraldo Augusto de Lemos Bellucco
Título: Utopia em Jogo: Faces do Poeta e do Narrador em Rayuela
Orientador: André Luiz de Lima Bueno Páginas: 119
Esta dissertação percorre os ensaios de Julio Cortázar que tratam da escrita romanesca e da linguagem poética para mapear uma gênese teórica de Rayuela. A reflexão sobre os temas citados se prolonga através das “morellianas”, text os de um escritor fictício que pontuam a narrativa e que assumem, em seu conjunto, um peculiar caráter de manifesto literário. A partir do trânsito entre o narrativo, o crítico e o poético no romance, são analisadas as tensões entre os personagens a refletir uma cena geracional de contestação ética e inquietação estética.
Igor Teixeira Silva Fagundes
Título:Por um poema chamado vida: escritos inacabados para um corpo inacabável
Monica Farias de Souza
Título: Imagens Jeca Tatu na produção literária de Monteiro Lobato: Um processo de construção de identidade brasileira
Paula Christina Corrêa de Almeida
Título: As narrativas animalistas de Kafka e as representações da exclusão social no início do século XX
Orientador: Eduardo de Faria Coutinho Páginas: 119
Esta dissertação estuda a desumanização e a conseqüente animalização do homem na literatura de Franz Kafka, resultantes da perseguição, da violência e da degradação impostas ao ser humano nas décadas da crise social, política e econômica que resultaram nas duas guerras mundiais. Os alvos principais da crítica de Kafka são o preconceito e a exclusão social sofridos pelo povo judeu.
O autor tcheco desvela em sua ficção a ditadura do pátrio poder – seja ela advinda dos pais ou do Estado – que, vivida em situações e xtremas pelo cidadão comum, provoca o seu aniquilamento e o leva a ultrapassar a fronteira que distingue o homem do animal, transformando - o num bicho ou num ser animalizado.
A saída dessa condição, segundo Kafka, está na denúncia dessa situação através da escrita e de sua propagação pela literatura. Só assim é possível despertar sentimentos que levem o indivíduo a enxergar o que existe de humanidade no homem. Nosso objeto de análise são três narrativas, nas quais as personagens kafkianas são protagonizadas por animais: A metamorfose, “Josefina, a cantora ou O povo dos camundongos” e “A construção”. Na presente leitura, buscamos apoio em textos teóricos, críticos, históricos, biográficos e documentais, de autores como Aristóteles, Theodor Adorno, Walter Benjamin, Zygmunt Bauman, Michel Löwy, Giorgio Agamben, Enrique Mandelbaum, Elias Canetti, Ernest Pawel, entre outros, e nos servimos de cartas de Kafka e de seu livro Diários, além da obra Respiração artificial, do autor argentino Ricardo Piglia, em que este faz diversas menções a Kafka.
Paulo Victor de Souza Rocha
Título: O evangelho segundo Jesus Cristo: as boas novas de uma consciência infeliz
Plinio Fernandes Toledo
Título: Matrimônios ilegais (a dialética da imagem e do conceito)
Orientador: Alberto Pucheu Neto Páginas: 198
Este trabalho discute a relação entre filosofia, arte e literatura. A hipótese defendida aqui sustenta que a diferença estabelecida entre imagem e conceito emerge de uma má abordagem através da qual um erro histórico contaminou a consciência moderna estabelecendo fronteiras artificiais entre a linguagem e a cognição.
Nosso tema consiste em pensar o diálogo entre as “instâncias da linguagem” – a imagem e o conceito – enfocando a imagem poética como um momento de criação que guarda, dentro de sua tensão constitutiva, as determinações relativas que foram separadas pela, assim chamada, consciência fraturada da modernidade. Alguns autores foram escolhidos como representativos de nossa perspectiva na medida em que em seus trabalhos tem lugar uma unidade complexa, realizando a convergência entre filosofia e literatura, arte e cognição, em uma palavra, imagem e conceito.
Sustentamos que as obras de Cummings, Nietzsche, Adorno e Benjamin explicam, de certa forma, a platônica, uma vez que nelas vem à luz o que estava escondido nas obras do filósofo ateniense. Tentamos mostrar, portanto, que a relação dialética entre o que chamamos “instâncias da linguagem” sempre esteve presente nas obras de filósofos-artistas como “potências mutuamente fecundantes” que a modernidade não conseguiu ver.
Esperamos, assim, conseguir lançar uma luz sobre a importância do mythos e do logos como forças dialéticas. Através delas, a filosofia desempenha seu papel como uma articulação complexa que preserva o diálogo frutífero e realiza o atrimônio ilegal da imagem com o conceito.
Raquel Pontes Avila
Título: A carência do poético - implicações na arte e na sociedade capitalista
Orientador: Antonio Jardim Páginas: 77
A preponderância da racionalidade e do pensamento objetivo na cultura ocidental tem conseqüências nas relações humanas e no modo de ver a arte. A obra de arte é tomada por concepções externas e alheias a ela mesma. Mais do que as condições históricas e sociais, o caráter poético é o que lhes assegura a perenidade. O poeta deve ser o representante do resgate do sentir como forma de pensar.
Renata R. Tavares da Silva
Título: Do silêncio à liberdade: uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
Renato de Alcantara
Título: A tradição da narrativa no jongo
Orientador: Frederico Augusto Liberalli de Góes Páginas: 105
Esta pesquisa procura aliar o jongo, manifestação artística oriunda dos povos bantu, à narrativa, categoria estética da literatura. Para tanto analisamos a trajetória dos negros africanos em África e na diáspora a que foram submetidos em terras brasileiras. Verificamos que os elementos que o constitui, o terreiro, a fogueira , o tambor, a dança e o ponto narram não só essa trajetória como todo os processos de (re) construção identitária.
Com maior ênfase nos pontos, nossa pesquisa mostra o modo criativo, irônico e metafórico com que o negro consegue construir as histórias de sua comunidades e criticar a realidade social que o cerca sem perder a alegria, pois o jongo apresenta-se, antes de tudo, como uma celebração à vida.
Roberta da Costa de Sousa
Título: A função da literatura e do escritor: uma análise à luz de Mário de Andrade
Orientador: Luiz Alberto Nogueira Alves Páginas: 92
Discutir o tipo de engajamento proposto por Mário de Andrade, a partir da obra ensaística do autor, compreendida entre 1930 e 1945, considerando-se o acirramento da questão política nesse período e as repercussões em sua poesia. A discussão sobre engajamento implica o debate sobre as relações entre ação e pensamento, pois a transformação da noção de engajamento, para Mário, se relaciona com as mudanças pelas quais também passa o conceito de ação. A relação complexa entre história da literatura e da sociedade, espécie de fio condutor para a análise da produção intelectual de Mário de Andrade, ressalta a maneira como essas concepções se conjugam e se tensionam o tempo todo.
Susana Elaine F. Araújo
Título: O corpo manifesto por Graciliano Ramos: uma leitura de 'Vidas Secas' e 'São Bernardo'
Vanessa Cianconi Vianna Nogueira
Título: As bruxas como desculpa: The crucible e as práticas "preventivas" de vigilância na sociedade estadunidense contemporânea
Orientador: Eduardo de Faria Coutinho e Sonia Regina de Aguiar Torres da Cruz (coOrientador) Páginas: 169
O objetivo dessa dissertação é mapear a retórica da vigilância nos EUA desde o século XVII até os dias atuais, usando como base para a discussão a famosa peça de Arthur Miller, The Crucible, escrita durante o período macarthista. A discussão proposta abarca desde a oratória de púlpito, passando por textos formadores da literatura norte- americana, até considerações acerca das bases da política totalitária dos EUA e como o governo daquele país – lançando mão da vigilância constante de seus cidadãos e dos cidadãos dos países que não fazem parte do “mundo livre” – busca controlar o mundo.
Escolheu-se o tema da vigilância, porque é através dela que, é possível manipular e controlar a população, amedrontando-a a todo instante. Revendo-se a história dos EUA, verifica-se que os puritanos foram para o novo mundo a fim de criar um novo Eden na terra. No entanto, como, para eles, a floresta era a moradia do demônio [do Mal, do outro, do desconhecido], quem ousasse sair dos limites estipulados da vila poderia ser acusado de bruxaria – ou, estabelecendo uma analogia com os tempos atuais, quem ousasse desafiar o império seria taxado de terrorista. A peça de Miller, com sua incrível atualidade, ajuda-nos a entender a idéia da “patrulha da vigilância” e como ela ainda se faz presente na sociedade estadunidense do século XXI.
Sendo assim, ao longo da dissertação, buscou-se apontar as semelhanças, com base nas teorias dos filósofos Michel Foucault e Gilles Deleuze, entre as sociedades de vigilância e de controle, demonstrando que nos dias atuais não existe mais uma separação real entre as duas. O olho que (em)cena The Crucible nos coloca realmente dentro do panóptico de Jeremy Bentham: os personagens da peça sentem-se enclausurados, sem saber quem ou quando estão sendo vigiados. Seja no século XVII, na década de 1950, ou no século XXI, a retórica é sempre a mesma: olhar, vigiar, julgar e punir. A sociedade espetaculosa dos Estados Unidos da América, recriada por Miller, se repete sempre com roupagens diferentes.