Nesse peíodo foram defendidas 11 dissertações
Gregory Magalhães Costa
Título: Grande canção: civis - a Musa no texto em forma de espiral
Orientadora: Ronaldo P. Lima Lins Páginas: 285
A dissertação “Grande Canção: Civis” busca extrair verdades civis das fábulas rosianas do Sertão, sobretudo no que diz respeito à tensão da primitividade, enquanto originalidade, e a imposição da civilização, encenada por meio da cena do julgamento e, não só, mas principalmente por meio do personagem Zé Bebelo. O Grande Sertão é visto como uma Grande Canção e a narrativa riobaldiana como um canto musal de sofrimento pela irreparável perda de Diadorim, representado, sobretudo, pela canção de Siruiz. A dissertação faz uso da fortuna crítica acerca da obra rosiana e situa-se na tangente das correntes que a constituem: a exegética, a sociologia e a mística
Janaína Laport Bêta
Título:Madras: as dobras do sagrado no tecido poético de Artur Bispo do Rosário
Orientador: Manuel Antônio de Castro Páginas:155
Desejo neste estudo habitar as obras que através de Arthur Bispo do Rosário vieram à presença. Uma busca por restaurar a potência do olhar pensante, habitando o que nelas se doa. Habitar é de-morar. De-morando no olhar a possibilidade de retorno ao ver inaugural, ao espanto, ao não-visto de tudo aquilo que vem à presença. Re-conhecendo, no que não se doa em totalidade ao ver, num resguardar-se, o vigorar inesgotável da própria Arte. Entrever a silenciosa e originária fonte de todo o não-visto: A Linguagem, essência da arte, morada do ser. Nas obras sua fala. As mais de oitocentas obras de Bispo o revelam como um dos guardiões dessa morada. A Linguagem fala através das obras, mas por vezes é inaudível, abafada por ensurdecedor ruído dos muitos conceitos que a história da arte enquanto disciplina formula, brada. Conceitos que disseminam ainda espécie de miopia que oculta a verdade ao submeter a Arte à razão. O exercício de pensamento proposto não buscará catalogar ou conceituar, mas dialogar com questões corporificadas em obras na condição poética do a-se-pensar. Contudo, questões que permeiam o universo de Bispo são complexas. Paradoxalmente afirmamos que tal complexidade se dá pela simplicidade que as constituem. Desabituamo-nos com o simples, soterrados sob montanha de teorias estéticas. Há que se ajustar as lentes. No percurso, avistaremos conceitos: contemporâneo, subjetividade e vanguardas artísticas – lotes lindeiros, quase miragens, ladeando veredas do próprio, do delírio inspirado, caminho que conduzirá à questões da ordem do tempo, da loucura e do sagrado.
Jander de Melo Marques Araújo
Título: Walter Benjamin: uma perspectiva literário-filosófica a partir de rua de mão única e infância berlinense por volta de 1900
Orientadora: Martha Alkimin de Araújo Vieira Páginas: 106
A proposta da dissertação é, num primeiro momento, a defesa do viés literário no escritor alemão Walter Benjamin; busca-se enfatizar seus aspectos literários, mas não se esquecendo, a seguir, do teor filosófico do autor. Partindo desses pressupostos, a dissertação segue com a formulação de uma hipótese a que denominei filosofia em ato. Tal conceito é discutido a partir das obras mais literárias de Walter Benjamin, a saber, Rua de mão única e Infância berlinense por volta de 1900. Fazem parte também do conteúdo do trabalho considerações sobre linguagem, relacionadas especificamente à Infância berlinense, bem como a abertura de uma poética para o autor analisado.
João Paulo Goss Coelho
Título: Dança - Encaminhamento poético do repouso
Orientador: Manuel Antonio de Castro
Leandro Nascimento Cristino
Título: A metáfora do jogo e a resistencia pela ginga: percepções do malandro na literatura brasileira
Orientador: Frederico Augusto Liberalli de Góes
Marcela Leite Medina
Título: O secreto bailado do mar: uma leitura de No tempo dividido e Mar Novo de Sophia de Mello Breyner Andresen
Orientadores: Angélica Maria Santos Soares Páginas: 106
Essa leitura de No Tempo Dividido e Mar Novo é um exercício de interpretação que se move no diálogo de Sophia de Mello Breyner Andresen com a vasta mitologia mediterrânea (sobretudo com a que antecede a cultura indoeuropéia). Para além das maravilhosas estórias de deuses e homens, e orientados, principalmente, pelos pensamentos de Walter Otto e Eudoro de Souza, buscamos o universo religioso dos mitos: rituais que, de fato celebravam a maravilhosa presença dos deuses. Nesse sentido, privilegiamos Homero e Hesíodo; a beleza divina de seus versos nos conduziu por uma luminosidade de poesia em que forças míticas e poéticas relacionam-se intimamente no corpo das imagens, secreto bailado do mar.
Marco Aurelio Reis
Título: A crônica de Léo Montenegro: um olhar sobre o carnaval do subúrbio do Rio entre 1965 e 2003
Orientadores: Frederico Augusto Liberalli de Góes Páginas: 157
A presente dissertação busca resgatar crônicas escritas pelo jornalista Léo Montenegro no matutino carioca O DIA entre 1965 e 2003, ano de sua morte. A proposta foi buscar, nessas crônicas, traços de continuidade com a tradição literária nacional, em particular com a retratação do malandro, do cronismo sobre o subúrbio da cidade do Rio de Janeiro e com os textos dos cronistas de Carnaval, os chamados cronistas de Momo. O primeiro passo foi localizar e recuperar em parte crônicas que estão em sua totalidade arquivadas em empresa privada, de acesso restrito. Pontuar o estado atual em que se encontra tal acervo. Depois a proposta foi descobrir sinais claros de continuidade com o cânone literário, em especial com a obra de Lima Barreto, com a chamada dialética da malandragem e com o cronismo de Momo. Por fim, resgatou-se todo o conjunto de textos citados, entre eles o raro texto inaugural do autor no cronismo diário.
Mauricio Chamarelli Gutierrez
Título: Mar e desterritorialização: questões de escrita e devir em uma leitura de Deleuze e Melville
Orientadores: Alberto Pucheu Neto Páginas: 109
Este trabalho busca tecer uma leitura conjunta da obra-prima Moby Dick, de Herman Melville e de alguns conceitos da filosofia de Gilles Deleuze. Para tanto partimos ao mesmo tempo da diferença que Ismael, o narrador do romance, faz entre o mar e a terra – como duas possibilidades do espaço – e do conceito deleuzeano de devir. Em seguida, tendo em vista a reflexão de Deleuze sobre a figura do personagem Original de Melville como o traidor da ordem estabelecida e desencadeador de devires, procedemos a uma análise das linhas de força que definem alguns personagens marcantes de Moby Dick: o arpoador Queequeg, o náufrago Pip, o primeiro imediato Starbuck, o capitão monomaníaco Ahab, e ainda o protagonista da novela melvilleana Billy Budd, marinheiro. Feito isso, nos voltamos mais uma vez para o narrador Ismael, figura paradoxal e fugidia. Duplamente traidor, Ismael encarna uma espécie de síntese da selvageria marítima e da hospitalidade terrena, reunindo os termos que ele próprio havia separado. Para melhor darmos conta desta complexa figura, torna-se necessária uma problematização da escrita e do testemunho, para o que trazemos as reflexões tecidas por Giorgio Agamben em O que resta de Auschwitz. Sendo assim, somos levados a concluir por um entendimento da linguagem, a partir da ótica do testemunho de Ismael e da reflexão agambeniana, como o lugar de uma radical selvageria traidora e marítima: um devir, como diria Deleuze.
Raphaella Mendes Silva de Castro Lira
Título: Escrever é trair: o labirinto do falso em Jorge Luis Borges
Orientadores: Eduardo de Faria Coutinho Páginas: 101
O gênero autobiográfico sempre esteve alojado no terreno das incertezas. Fruto híbrido de relato pessoal e ficcional, a autobiografia é um perfil psicológico de um determinado eu, que coloca em jogo diversos problemas, como a memória, a construção da personalidade e mesmo a auto-análise. Outros dois gêneros relacionados à autobiografia e também marcados por grande indefinição são a biografia, espécie de retrato que visa iluminar, por meio da narração em terceira pessoa, a personalidade de um indivíduo, e a autoficção, um dos gêneros que mais se destacou nos últimos anos. Problemáticos, questionados e também motivadores de questionamentos distintos, os três formam o poliedro teórico que servirá como base para o desenvolvimento do presente trabalho. No espaço intermediário entre ficção, autoficção e (auto)biografia, encontra-se a obra de Jorge Luis Borges, escritor que nunca hesitou em fundir o factual e o imaginário em sua prosa e que, por esse mesmo motivo, deixou como legado uma das obras mais ricas da literatura hispano-americana. Assim, nos indagamos como abordar um texto de Borges, no qual todos os caminhos se confundem, criando um labirinto onde a única regra é a multiplicidade. A ficção de Jorge Luis Borges suscita diversos questionamentos acerca da relação entre autor e narrador. Como estabelecer limites entre realidade, experiência individual, autobiografia e mera reflexão? Seriam necessários os limites ou poderíamos considerar a obra de Jorge Luis Borges um grande jogo com as temáticas que encontramos no cerne de toda a literatura? São essas questões que o presente trabalho visa desenvolver.
Ronaldo Eduardo Ferrito Mendes
Título: A via excêntrica
Orientadores: Manuel Antônio de Castro Páginas: 78
Nesta dissertação, pretende-se dialogar com a tradição crítica a partir de premissas tomadas como ancila nas análises críticas das obras poéticas. Propõe-se em paralelo a cada pressuposto formativo da teoria crítica, uma reflexão que parta da experiência poética da linguagem, e não de sua conceituação, a fim de distanciar a nossa proposta das orientações formalistas, estéticas e ideológicas dos estudos críticos majoritários. Propõe-se também um pensar poético da crítica, deixando-a surgir na linguagem própria à obra de arte, entendendo-a já como uma obra em diálogo com outra: o diálogo das obras se propõe como tarefa essencial da crítica. Para tanto, a dissertação propõe-se como obra que reflete criticamente a criação pela linguagem poética, mostrando-se uma proposta, tentando cumprir seu desiderato pela experiência da linguagem.
Thiago Carneiro de Almeida
Título: Adelino Magalhães: o mundo escrito por dentro
Orientador: Vera Lins